Não se estampe à toa o pronome-sujeito eu. O abuso dele é cópia do inglês, do francês. Os ingleses não o dispensam porque as formas verbais não denunciam o sujeito com clareza. Um exemplo apenas: I like, you like, he like, we like, they like. Com exceção da terceira pessoa do singular, as demais pessoas são semelhantes, não há uma desinência que as distingua. Daí a necessidade que tem a língua inglesa de escrever ou pronunciar o pronome-sujeito, visto que a desinência do verbo o traz latente.
Fiz não tem outro sujeito senão eu. Fizeste tem por agente tu. Fizestes é o predicado de vós. Por conseguinte, eu fiz é dizer pleonástico, que só podemos usar em situações especiais. (V. Juan Moneva y Puyol: Gramática Castellana, p. 306).
Podemos estampar o sujeito:
1. Quando há ênfase;
"Eu sou a luz do mundo". No latim o pronome ego raramente aparece. Quando se usa ele, o sentido é enfático: "Ego sum lux mundi".
2. Quando há oposição de sentido: Eu trabalho; tu vives folgado.
"Eu passo; tu ficas" (M. de Assis: Quincas Borba, p. 197).
3. Quando a primeira pessoa pode confundir-se com a terceira: Eu tinha onze anos. Tinha pode ter por sujeito: ele, ela, você, V. Sa., etc.
4. Nas orações intercaladas: "Não podia, creio eu, recomendar melhor o seu nome à gratidão dos amigos de nosso idioma. "És tu, ó Francisco Bragadas?" (Camilo; Novelas III 10.)